A unica mulher (The Only Woman in the Room) de Marie Benedict


"Silencio. Outra vez, silencio era exigido de mim. Eu deixara Fritz e seu mundo para trás em parte porque tudo o que ele queria era uma mulher muda e obediente. E embora eu soubesse que era um sonho em vão, ainda esperava mais da nova fase. Parecia, contudo, que Hollywood procurava exatamente a mesma coisa que Fritz."

Eu não sou a maior fã de biografias, o que me fez adiar a leitura de "A unica mulher" por meses, mas na semana passada estava com um pique pra leitura e resolvi me arriscar. Resultado: amei o livro e me enganei completamente ao achar que era somente uma biografia.

O livro traz a historia "real" de Hedy Lamarr, mulher conhecida por seus trabalhos como atriz de Hollywood e por sua beleza, mas o que o livro traz como foco principal é uma parte da atriz que poucos sabem.
Hedy Lamarr teve grande contribuição para a ciência na Segunda Guerra Mundial, ela inventou um sistema de torpedos controlados por rádio que não poderiam ser captados pela força nazista. Esse invento serviu como base para a criação do telefone celular e wi-fi dos dias de hoje.

Titulo: A unica mulher
Titulo original: The Only Woman in the Room
Editora: Planeta 
Paginas:302
*dados da edição que eu tenho
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Nota: ★★★★★

Hedy Kiesler é uma mulher de sorte.
Com sua beleza estonteante, consegue um papel de destaque em um filme de relativo sucesso. Segue-se, então, o casamento com um poderoso comerciante de armas austríaco, o que a permite escapar da perseguição nazista na Segunda Guerra Mundial, ainda que pese sobre seus ombros a ascendência judaica. Mas Hedy é também uma mulher de grande inteligência. Nos salões e nos jantares de Viena, ninguém imagina que aquela bela atriz está, na verdade, escutando todos os planos dos maiores oficiais do Terceiro Reich.
Quando ela finalmente consegue fugir do castelo do seu marido controlador, viaja aos Estados Unidos, onde se torna uma das maiores atrizes de seu tempo: Hedy Lamar. Ao mesmo tempo, decide usar sua genialidade para ajudar o país e, quem sabe, com isso expiar um pouco da culpa que sente por ter escapado sozinha dos horrores da guerra.

A autora nos entrega uma historia real contada em forma de romance, é inserido acontecimentos fictícios também para que haja um maior "entretenimento" por parte do leitor, mas são criados e colocados de forma inteligente para que pareça verossímil. 

O livro é dividido em duas partes, a primeira focada no casamento conturbado e abusivo de Hedy com um fabricante e distribuidor de armas, Friedrich Mandl (Fritz), que alem de não aceitar e reprimir a origem judaica da esposa por conta dos seus clientes do partido nazista, a violentava fisicamente e sexualmente e a mantinha em presa em casa, podendo sair somente com sua permissão. 
Essa primeira parte é mais pessoal e emotiva, vemos em Hedy uma mulher presa que larga toda a sua vida e carreira para proteger seus pais, isso a torna infeliz e a mercê de um homem que a vê como um troféu, um acessório e nada mais.

A segunda parte já é focada na carreira de Hedy e sua invenção. Para mim essa parte foi um pouco mais demorada, apesar de ter quase o mesmo numero de paginas da primeira, mas ela não deixa de ser igualmente boa. O processo de criação e construção dos torpedos é explicado de forma acessível, a autora deixa de lado a linguagem cientifica para que o leitor consiga compreender e se empolgar junto com a personagem em todos os avanços e etapas da invenção.

Super indico o livro pra quem gosta de historias com mulheres fortes e inspiradoras. Hedy Lamarr é um grande exemplo de mulher que ultrapassa as barreiras do machismo e patriarcado. Ela trabalhou e criou a invenção em uma época que mulheres não atuavam na ciência e em áreas correlatas, tanto que quando apresentou sua ideia o exercito da marinha não aceitou por levar o nome de uma mulher na patente, o aparelho foi implementado anos depois quando a patente já tinha expirado e Hedy não recebeu um centavo por ela.



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